quarta-feira, 22 de julho de 2009

Loucura num som

E a cada dia o som é mais forte. Penetra na minha cabeça vibrante. Berra-me e ressuscita em mim o rasgar da mordaça. Mastigo calmamente a cólera que me consome e tento segura-la. Sentado tremem me os musculos até à exaustão e não os controlo mais. Tenho um animal dentro de mim. Rasgo-me a carne amarrando-me de aço. Se assim não fosse, que seria do animal que contenho? Solto à sua propria sorte e desejo numa tentativa de alivio e matar de desejo.
A sede de musica feita de sangue. Sombrio... O que mais pode ser sombrio do que o que o Homem cria em si próprio...?
Arranco de mim o que sou a cada dia. Mas todos os dias sou. Quero quebrar o destino, correr num fio de navalha até à loucura. Mas e depois? Que tenho depois? O nada que já habituado consumo?
Cravo me de punhais. Não os sinto mais. Talvez porque os primeiros não foram por mim. A cada lua, a cada sol, um novo punhal disfarçado de rosa. E eu aceito, humilde. Dpois de vazio de mim mais uma vez choro. Choro porque sou humano, choro porque sou consciente, choro porque sou louco.
Escrevo abstacto, ou aparento escrever. A abstracção que segrego é a objectividade do real na sua forma perfeita. Tirem a prova. Enlouqueçam amanhã, que hoje compete-me a mim. Enlouqueçam amanhã e descubram a forma perfeita. Loucura! Que loucura deliciosa que de carne e sangue feita é complemento da mente complexa que me deu a Natureza. Cabe-me a mim usá-la. Mas estou condicionado. Não sou um sujeito sem meio nem o meio me é alheio... Chega de paleio...
Enfim..
Loucura num som


Pedru Li
21 de Abril de 2008

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